A.R.C. (Associação Recreativa e Cultural)

Unidos do Cruzeiro (ARUC)

Fundação: 21/10/1961
Cores: Azul e Branco
Títulos: 2002

 

    

     Um pedaço do Rio de Janeiro, simbolizado por funcionários públicos transferidos para nova capital, estava no Cruzeiro de 1961, ainda chamado de Bairro do Gavião. Não era de se admirar que neste reduto carioca surgisse a Associação Recreativa Cultural Unidos do Cruzeiro (Aruc), a mais tradicional escola de samba do Distrito Federal. Foi lá, na tarde de 21 de outubro daquele ano, que a Aruc saiu do papel e das cabeças de apaixonados pelo carnaval.
     Tudo começou numa reunião nos fundos da casa do militar Paulo Costa, na quadra 14. Do encontro, surgiu a idéia de se criar uma entidade que incentivasse a aproximação dos moradores. Criaram um calendário de atividades. Como bons cariocas, investiram em esporte e, claro, em samba — para eles, o Carnaval.
     A Aruc já nasceu campeã. No primeiro desfile a agremiação do Cruzeiro garantiu o terceiro lugar. Um excelente começo para a escola que surgiu, em 1961, em batucadas de fundo de quintal, com instrumentos feitos de saco de cimento. Naquela época, a Alvorada e Ritmo, do pessoal da 409 Norte, tinha conquistado três títulos, mas a ARUC chegou e desbancou a tradicional escola. A idéia inicial era formar um bloco, mas mudaram de idéia e começaram direto como escola de samba garantindo três títulos seguidos.

     O pior momento da Escola foi em 1974, quando a Escola foi desclassificada por mal uso da subvenção dada pelo governo. A Escola não tinha o número suficiente de componentes para entrar na avenida.

     Em 1979, a Aruc, que costumava desfilar com 800 componentes, saiu com pouco mais da metade dos sambistas. Pouco antes do desfile, a bandeira da escola sumiu. Sem opção, os diretores decidiram: o grupo brincaria o carnaval sem o símbolo, substituído por uma pluma branca, retirada da fantasia de um destaque. A debandada foi geral. À época, o enredo Iemanjá, Um Poema de Amor era considerado imbatível pelos cruzeirenses. Não foi. Perdeu por um ponto para a Acadêmicos da Asa Norte. Mas não foi a falta de símbolo que prejudicou a escola, foi um zero dado por uma jurada para o mestre-sala e a porta-bandeira.
     Em 1982, foi a vez do então presidente da Aruc Hélio dos Santos ficar desesperado. Primeiro o GDF transferiu o carnaval para Taguatinga; depois, porque a extinta Academia da Asa Sul, patrocinada por bicheiros do DF, trouxe caminhões e fantasias da Beija-Flor, no Rio de Janeiro. Ele achava que a estrutura milionária da concorrente levaria o título daquele ano. Além disso, Taguatinga não tinha tradição com a carnaval de rua. No final deu tudo errado para a Academia. Eles recebiam o material e iam para o Clube Primavera, onde os bailes eram tradicionais.
     Também conhecida como Portelinha, a Aruc tornou-se filiada da Portela em janeiro de 1962. Herdou da escola carioca as cores — o azul e branco —, além da semelhança do brasão. O da Portela traz uma águia. O da Aruc, um gavião, uma referência às aves que batiam ponto no Cruzeiro. O batismo se deu com a presença de Natalino José Nascimento, o Natal da Portela.
     O sambista Manoel Brigadeiro, 79 anos, saiu do Rio em 1974, sem saber ao certo o que acharia em Brasília quando o assunto era samba. Ele imaginava que precisaria voltar ao Rio para o carnaval. Meses depois encontrou o compositor Tesourinha na rodoviária do Plano Piloto. Daí saiu o convite. ‘‘Vem conhecer a Aruc’’. Há 27 anos Brigadeiro não sai de lá.

 


Carnavais

Ano Enredo Classif. Grupo Letra MP3
1962 21 de Abril - Exaltação à Brasília 1
1963 Exaltação a Goiás 1
1964 Exaltação à Bahia 1
1965 Imprensa Régia 1
1966 Homenagem a Santos Dumont 1
1967 Homenagem a Bernardo Sayão 1
1968 Dona Beija e seus amores 1
1969 Rio através dos sonhos 1
1970 Chico Viola 1
1971 Brasil Gigante 1
1972 Noite Inspiradora 1
1973 Poesia e Artes 1
1974 Exaltação aos imortais Descl. 1
1975 Raízes do Nosso Povo 1
1976 Nordeste explode em festa 1
1977 Chico Rei, sua História e sua Glória 1
1978 Brasília na solidão do azul e branco 1 Letra 1978
1979 Yemanjá, um poema de amor 1
1980 Ouro em grão, o café 1
1981 Não houve desfile oficial - -
1982 Da loucura da vida à ilusão do Carnaval 1
1983 Viagem imaginária às terras das Amazonas em Busca do Eldorado 1
1984 Festa para o Rei Negro 1
1985 Levanta a cabeça meu povo e olhe pro chão 1 Letra 1985
1986 ARUC, 25 anos de samba, esporte e cultura 1 Letra 1986
1987 Vou me embora pra Pasárgada 1 Letra 1987
1988 Cantos e encantos da Ilha da Assombração 1 Letra 1988
1989 Samba do crioulo doido, 100 anos de comédia 1 Letra 1989
1990 Tuxaua Buopé, um guerreiro da Amazônia 1 Letra 1990
1991 As artes e manhas do Barão de Itararé 1 Letra 1991
1992 O Rei sou eu 1
1993 Portela, de Paulo a Paulinho 1 Letra 1993
1994 Não houve desfile oficial - - - -
1995 Não houve desfile oficial - - - -
1996 A Escola de Samba Não Desfilou - - - -
1997 Agoniza, mas não morre 1    
1998 Pacotão, 20 anos na contramão 1 Letra 1998  
1999 A viagem do Cruzeiro pelos mistérios do Universo 1    
2000 Do batuque ao samba, 500 anos de sons e ritmos

1    
2001 Magia, sonho, fantasia e realidade, 50 anos da televisão no Brasil 1    
2002 ARUC e Fundo de Quintal, uma só paixão 1    
2003 Não houve desfile oficial - - - -
2004 Sou negro, forte, destemido, batuqueiro, libertário. Sou Solano Trindade 1 Letra 2004  
2005 Um caldeirão de cultura: de Dilermano à Cássia Eller 1    
2006 Tudo Azul. Do céu do mar, da terra 1    
2007 Iguaçu, As Cataratas que Surgiram do Amor 1    
2008 Faz-me Rir! De Cacareco e Carranquinha a Jajá e Juju, os Personagens do Humor em Brasília 1    
2009 O Gavião abre as asas para Joãosinho Trinta 1    
2010 Brasília Mística – Os mistérios da capital dos sonhos 1    
2011 ARUC Jubileu de Ouro, Uma história de amor em azul e branco 1    
2012 Portinari, as cores e as caras do Brasil 1    
2013 O Gavião Apaixonado Apresenta Tres Formas De Amor 1    
2014 Minha jangada vai sair pro mar pra festejar o centenário de Dorival Caymmi 1    
2015 Não Houve Desfile Oficial - - - -
2016 Não Houve Desfile Oficial - - - -