O Carnaval já existia em Curitiba na metade do século XIX

Você pode até não acreditar,mas o carnaval DE Curitiba é mais do que centenário e tem suas raízes na criação dos primeiros clubes sociais da cidade. O primeiro registro é DE 1857,quando aconteceu um baile no Teatro Curitiba. Nos anos seguintes,a festa às vezes era animada, outras não. Sempre havia,no entanto, os foliões nas ruas com as “guerras”com bisnagas DE água e “laranjinhas”.

É na década DE 60 do século passado, contudo, que o carnaval vai ganhando mais espaço e mais adeptos, que saíam às ruas mascarados ou travestidos.Em 1864, aparecem os blocos Beduínos e Zuaces, que distribuíam para as pessoas panfletos com máximas e pensamentos. Os bailes nas sociedades já eram concorridos, como na “Sete de Setembro”, que reunia a elite curitibana.

Em 1865, a Guerra do Paraguai desanima os foliões e não há registros nos jornais da e época de bailes ou outras manifestações carnavalescas. Noano seguinte, o desânimo se repetiu, mas na terça-feira grupos mascarados saíram às ruas da cidade.

No ano DE 1867, o Bando Carnavalesco convocou a população para a folia através do cisudo jornal Dezenove DE Dezembro e para os bailes masqués (de máscaras), no Teatro da Sociedade Dramática Particular Phenix, que ficava na atual Rua Riachuelo.

São poucos os registros sobre o carnaval no início do século. Numa crônica de Euclides Bandeira,de 1925, o autor faz uma referência “aos Títeres do Diabo, que usavam camisas vermelhas, e os Bohemios, que usavam casaca”, e foram os precursores dos blocos no início dos anos 1900. Também são desta época blocosc omo o Nihilistas do Averno e Os Puritanos.

Na revista Olha da Rua, DE 1908, lê-se um soneto que expressa bem o espírito do carnaval da primeira década do século XX:
 
“Depressa veste teu dominó preto

E vamos à rua XV alegremente

o teu braço no meu por entre a gente

nas ondas desse povaréu inquieto

Hão DE aplaudir o teu perfil correto

DE polaca lindíssima e decente

E aí, diante DE qualquer coreto

havemos DE dançar como um demente

A valsa e o carque-warque requebrado

no fim hei DE ficar bem porreado

beberei a valer nem que me mordas

A todos mostrarei meu grande rabo

E tu, DE braços dados com este diabo

Ostentarás tuas gambias gordas.”

Aquele carnaval DE blocos e DE bailes em salões dos primeiros anos deste século evoluiu para os desfiles de corso (carros alegóricos). Há referência são ano DE 1919, quando os bailes animados extrapolavam a animação para as rua. Clubes como os Tenentes DE Plutão, Salão do Rink, Tenentes do Diabo faziam corsos animados pela Rua XV e Praça Osório. Os bailes continuavam tradicionais nas sociedades Thalia, Curitibano, Cassino e outros. É no ano de 22 que a marchinha “Aí, seu mé”, que fez muito sucesso.

É nos anos 30 que o carnaval em Curitiba começa a passar pelas primeiras transformações como surgimento DE muitos blocos carnavalescos. Os clubes promovem concursos DE fantasia e bailes animados, há também a ESCOLA do rei momo e da rainha do carnaval.

A partir dos anos 40, os blocos (como os Vira-Latas,Ases da Alegria, Amigos da Onça e Calunga) crescem e vão dar origem às escolas DE samba. A primeira e mais antiga é a Colorado, fundada em 1946 e ainda em atividade, criada por ferroviários do bairro Capanema (hoje Jardim Botânico).

Em 1948, surgem os Não Agite (que ganhou diversos carnavais e sobreviveu até meados dos anos 80) e o Embaixadores da Alegria, que nos anos 50 serão escolas junto com a Dom Pedro II. Nos anos 60 e 70 os blocos e escolas surgem e desaparecem com as fusões e dissidências. Desde 1968na Marechal Deodoro, deixando a Rua XV, o carnaval da cidade tem altos e baixos. Ainda assim, falem o que disserem, o carnaval em Curitiba nunca deixou DE existir.

* Texto produzido a partir DE “boletins”publicados pela Fundação Cultural DE
Curitiba.