Os pioneiros do sonho foram: Vicente Rodrigues de Araújo e José Deval da Costa (Sabará), este último denominador da Escola, por serem moradores do bairro Manguinha, o nome ainda confundido e muitos a chamavam de Mangueiras. Foi um ano de muitas incertezas e muitas batalhas verbais com o poder Público Municipal da época, que não se conformava com a criação da Escola. Sem verba alguma a dupla de carpinteiros organizou o grupo. Eles próprios confeccionavam seus instrumentos, de forma artesanal; caixas e surdos com compensado, tachinhas e couro de animais. A teimosia dos carpinteiros atraiu a atenção do Dr. Gabriel Kalume, que passou a ajudar e integrar o grupo insistente. As esposas cuidavam da alimentação e da confecção das fantasias, que eram atrativos para a comunidade. Os primeiros ensaios foram realizados no salão 21 de Março, e ali muitas melodias, marchas e sambões embalavam os ensaios que cada dia atraiam mais e mais curiosos e adeptos.

     A diretoria do 21 de Março, (acredita-se que pressionada pelos políticos), passou a cobrar uma taxa para poder continuar os ensaios, e a escola que não dispunha de verbas, deixou o clube passando a ensaiar embaixo de um umbuzeiro na Av. Eurípedes de Aguiar. Para a realização dos ensaios o chão era forrado com pó de serra para diminuir a umidade do terreno. Já era notório que a Escola de Samba Mangueira não ia desistir assim tão fácil. E neste mesmo ano, em menos de duas semanas para a festa do Momo, os criadores da Escola inscreveram-na no concurso de Carnaval e foram para a avenida Getúlio Vargas com muito samba no pé e uma fanfarra muito afiada, para abrir o desfile. A Escola entrou na passarela do samba com um pé de manga (Mangueira) cheia de mangas maduras para o delírio do povo que lotava a avenida e o público sentiu que a Mangueira iria fazer a diferença no carnaval de Floriano. Na classificação final a Mangueira ficou em 3º lugar. No ano seguinte, novas adesões de amigos vieram fortalecer e consolidar forças, foram eles: Carlos Augusto Costa Ferreira (Pompéia), Mariano Capixaba e Tony Ferreira. Assim estava formado o grupo dos seis em torno de uma causa “A Escola de Samba Mangueira”.

     As damas dos seis membros se uniram para brilharem na avenida, as idéias foram surgindo e a Mangueira colocou na passarela do samba a 1ª sambista em cima de um carro alegórico, a saudosa e bela “Loura da Paixão”, que desafiou as alturas, sambando sobre um salto Luis XV, para a surpresa e euforia do povo que lotava a avenida. O resultado de 2ª lugar, não satisfez ao público nem aos dirigentes da Escola que não se entristeceram, pois sabiam ter feito um carnaval apoteótico e o público respondeu deixando os políticos e seguindo a Escola até a Beira Rio. O ano de 1979, denominado Ano Internacional da Criança, a Mangueira homenageou as crianças do Brasil e do mundo com um grande carrossel. Nos anos 80 e a escola recebe uma nova adesão; o ingresso de Dorival Rodrigues, que ao ver um desfile, viu que poderia contribuir para a melhoria das alegorias e adereços da Escola e na mesma década o Professor Carlinhos Vilarinho veio reforçar a equipe de Dorival. Assim, a Mangueira, de 82 para cá foi um sucesso atrás do outro.