A.R.C. (Associação Recreativa e Cultural)
Unidos do Cruzeiro (ARUC) |
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Fundação: 21/10/1961 | |
Cores: Azul e Branco | |
Títulos:
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Um pedaço do Rio
de Janeiro, simbolizado por funcionários públicos transferidos para nova
capital, estava no Cruzeiro de 1961, ainda chamado de Bairro do Gavião. Não era
de se admirar que neste reduto carioca surgisse a Associação Recreativa Cultural
Unidos do Cruzeiro (Aruc), a mais tradicional escola de samba do Distrito
Federal. Foi lá, na tarde de 21 de outubro daquele ano, que a Aruc saiu do papel
e das cabeças de apaixonados pelo carnaval.
Tudo começou numa reunião nos fundos da casa do militar
Paulo Costa, na quadra 14. Do encontro, surgiu a idéia de se criar uma entidade
que incentivasse a aproximação dos moradores. Criaram um calendário de
atividades. Como bons cariocas, investiram em esporte e, claro, em samba — para
eles, o Carnaval.
A Aruc já nasceu campeã. No primeiro desfile a
agremiação do Cruzeiro garantiu o terceiro lugar. Um excelente começo para a
escola que surgiu, em 1961, em batucadas de fundo de quintal, com instrumentos
feitos de saco de cimento. Naquela época, a Alvorada e Ritmo, do pessoal da 409
Norte, tinha conquistado três títulos, mas a ARUC chegou e desbancou a
tradicional escola. A idéia inicial era formar um bloco, mas mudaram de idéia e
começaram direto como escola de samba garantindo três títulos seguidos.
O pior momento da Escola foi em 1974, quando a Escola foi desclassificada por mal uso da subvenção dada pelo governo. A Escola não tinha o número suficiente de componentes para entrar na avenida.
Em 1979, a Aruc, que costumava desfilar com 800 componentes, saiu com pouco
mais da metade dos sambistas. Pouco antes do desfile, a bandeira da escola
sumiu. Sem opção, os diretores decidiram: o grupo brincaria o carnaval sem o
símbolo, substituído por uma pluma branca, retirada da fantasia de um destaque.
A debandada foi geral. À época, o enredo Iemanjá, Um Poema de Amor era
considerado imbatível pelos cruzeirenses. Não foi. Perdeu por um ponto para a
Acadêmicos da Asa Norte. Mas não foi a falta de símbolo que prejudicou a escola,
foi um zero dado por uma jurada para o mestre-sala e a porta-bandeira.
Em 1982, foi a vez do então presidente da Aruc Hélio dos Santos ficar
desesperado. Primeiro o GDF transferiu o carnaval para Taguatinga; depois,
porque a extinta Academia da Asa Sul, patrocinada por bicheiros do DF, trouxe
caminhões e fantasias da Beija-Flor, no Rio de Janeiro. Ele achava que a
estrutura milionária da concorrente levaria o título daquele ano. Além disso,
Taguatinga não tinha tradição com a carnaval de rua. No final deu tudo errado
para a Academia. Eles recebiam o material e iam para o Clube Primavera, onde os
bailes eram tradicionais.
Também conhecida como Portelinha, a Aruc tornou-se filiada da Portela em
janeiro de 1962. Herdou da escola carioca as cores — o azul e branco —, além da
semelhança do brasão. O da Portela traz uma águia. O da Aruc, um gavião, uma
referência às aves que batiam ponto no Cruzeiro. O batismo se deu com a presença
de Natalino José Nascimento, o Natal da Portela.
O sambista Manoel Brigadeiro, 79 anos, saiu do Rio em 1974, sem saber ao certo
o que acharia em Brasília quando o assunto era samba. Ele imaginava
que precisaria voltar ao Rio para o carnaval. Meses depois encontrou o
compositor Tesourinha na rodoviária do Plano Piloto. Daí saiu o convite. ‘‘Vem
conhecer a Aruc’’. Há 27 anos Brigadeiro não sai de lá.
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